sábado, 2 de novembro de 2013

ESSE RIO É MINHA VIDA - A CIDADE FLUVIAL E PORTUÁRIA DE BELÉM DO PARÁ


    Baía de Guajará Foto de Aurelino Santos Jr., capturada na Estação das Docas - Belém do Pará





Esse rio é minha rua* - Esse rio é minha vida

Uma característica que reputo ímpar na cidade de Belém do Pará, dentre todas as cidades brasileiras de porte similar, é a sua inter-relação com o rio. 

Sim, pois se observarmos bem, veremos que Belém é uma passagem quase obrigatória das regiões sul e nordeste do Estado (ligadas por via rodoviária) para os municípios que se comunicam pela via fluvial.  Sem falar que o seu próprio território e os dos municípios no seu entorno, são, preponderantemente, constituídos de área insular. A própria Belém tem mais áreas de ilhas do que continental.

Essa característica de inter-ligação rodo-fluvial, não ocorre com a mesma intensidade em nenhuma cidade de outras regiões brasileiras, pois é típica de cidades da Amazônia.  E mesmo na Amazônia só ocorre, nesta escala, quero dizer, envolvendo o deslocamento de populações que ultrapassam a casa dos três milhões, no conglomerado de Belém e seu entorno.


Link da foto:  http://www.panoramio.com/photo/73720545?tag=best
Aurelino Santos Jr - Imagem capturada durante a travessia para a Ilha do Maracujá, indo para o lançamento do fascículo " nº 29 – Pescadores e Extrativistas das ilhas ao Sul de Belém" da NOVA CARTOGRAFIA SOCIAL DA AMAZÔNIA, em 17 de outubro de 2010.


Todas as cidades da Amazônia têm essas características, mas somente em Belém ocorre em alta escala, sendo em menor intensidade em Manaus-AM, que embora mais populosa que Belém, se compararmos apenas os habitantes do município, detém 80% da população de todo o Estado do Amazonas, enquanto que Belém tem, apenas, cerca de 28% da população do Pará. Nas demais cidades, essa inter-relação com o fluvial, ocorre em menor escala. Portanto, Belém é ímpar, neste aspecto, e como tal deveria ser tratada pelas políticas públicas.

O primeiro passo, é reconhecer essa singularidade de Belém, onde a melhor tradução consiste na bela poesia musical da expressão: "esse rio é minha rua", legado pelo nossos "Barata", pai e filho*. E, neste ponto, os elos de circulação entre as "ruas fluviais" e as terrestres, são os nossos múltiplos portos, de todos os tamanhos, onde, diariamente, fluem as pessoas e mercadorias, num ir-e-vir, constante, de intensidade tal, que  nenhum estudo e estatísticas conhecidos, capturaram seus reais números e  dimensões, bem como a verdadeira "teia" viva que os movimenta.

Essa relação rio-porto-cidade-estrada, mereceria, por parte dos urbanistas e outros estudiosos, um olhar especial sobre suas peculiaridades, a partir da conclusão de que, nestas paragens o urbano é completamente diferenciado. 

Todas as cidades do mundo interagem com seu entorno, com maior ou menor intensidade, como uma "teia" em constante movimentação, mas, com estas características entre o meio fluvial e terrestre, poucas, no mundo, são como Belém e com tendência a se intensificar, com o aumento natural das populações.



*Paulo André e Ruy Paranatinga Barata - Esse rio é minha rua - 













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