A CONSPIRATA DE TODOS NÓS
Penso sempre institucionalmente, daí referir os arroubos
passionais que se presenciam nos embates mais aguerridos entre "A" "B" ou
"C", no melhor estilo de uma refrega dos "hooligans", na
qual as pedras enlameadas jogadas de um lado são as mesmas juntadas e atiradas de volta para o outro lado, fazendo viva a expressão popular de que o "roto não
fala do remendado" ou o "sujo do mal lavado", tal o nivelamento
bem por baixo, numa disputa institucionalmente suicida que alguns preferem
chamar, eufemisticamente, de "crise política".
A corrupção, por seu lado, sendo uma constante que ronda e espreita diuturnamente encontra num processo educativo, voltado apenas para aprimoramento técnico com predatória competição, por isso
afastado do sentido de formação humanística, um campo altamente fértil
para seu cultivo e como tal, sua "contaminação" não se restringirá
jamais à uma só agremiação partidária, de que matiz seja, destra ou canhota (esquerda e
direita já surrou nos ouvidos).
Essa verdadeira chaga social, antes de ser um problema
coletivo, configura em seu enfrentamento uma verdadeira "batalha cotidiana
interior" de cada um, em que pese, ultimamente, tenha sido recorrente o
próprio corrupto de carteirinha ter como passatempo favorito dela mal falar, o
que é insólito.
Mas nos embates e "quedas de braços" aquecidos pelos
atritos dos momentos e épocas, as instituições democráticas e a consolidação
civilizacional do aprimoramento do ordenamento jurídico (a busca de leis
melhores e mais próximas da realidade) não podem ficar à mercê dessas
intempéries, pois a desarrumação pela via conflitante tem sido profundamente
deletéria e a história está repleta de exemplos nefastos.
Portanto, superar estes momentos de verdadeiro
"sangramento", onde não parecem mais haver ganhadores, torna-se
crucial e não vislumbro outra saída que não passe por uma grande reconciliação
nacional, pois não antevejo um final feliz para ninguém do jeito que vai.
Valha-nos quem?
De quebra tenho visto muita indignação e desabafos vindos de
todos os lados e matizes e faço um esforço descomunal para nunca radicalizar,
buscando sempre compreender as razões e emoções a eles atrelados, mas, também,
tento sempre enxergar, primeiramente, as causas e essências e menos personalizar as culpas,
que aliás se existem pertencem a todos nós, como sociedade, que permitimos que
tudo isso chegasse ao ponto que chegou.
31 DE AGOSTO DE 2016