terça-feira, 14 de dezembro de 2010

O SENHOR DO AMOR - O ANIVERSARIANTE DE 25 DE DEZEMBRO




O SENHOR DO AMOR (O aniversariante do dia 25 de dezembro)

                  O Nazareno é a maior personalidade do mundo ocidental. Sua Doutrina contém tudo o que o ser humano necessita para viver em paz e alcançar a sublimação espiritual.  O Sermão da Montanha é um grande e capital tratado de relacionamento humano.  O "amar ao próximo como a si mesmo", trás, em sua essência, os mais profundos conceitos filosofais do "conhece-te a ti mesmo", que permeia e abriga, também, os fundamentos de todas as religiões do mundo antigo, inclusive a grande batalha interior, na eterna luta contra o egoísmo, sentimento esse que constitui a causa dos maiores males da humanidade.

                   O Rei dos Judeus, é conhecido no oriente como um Avatar, fundador de religião, sendo também conhecido como "Senhor do Amor", do amor universal que aproxima as almas humanas e as transforma, pela suas natureza e essência, na imagem e semelhança do Criador, na concepção e realização do Grande Projeto de Deus.

                  No entanto, nestes dois mil anos de Cristianismo, muitos ainda não compreenderam, em sua essência, o verdadeiro projeto do Salvador, pois naquele tempo, Jesus precisou utilizar-se do milagre, não como um fim em si, mas apenas como um meio de chamar a atenção para que mensagem divina fosse compreendida e aceita por todos nós: A Doutrina do Cristianismo.

                  Sua mensagem de puro amor e redenção para os humanos, embora exaustivamente divulgada, ainda hoje, é pouco compreendida, e muitos de nós, ainda tem preferido dar  maior importância para o meio que foi utilizado por Cristo (o milagre), do que para a verdadeira essência da sua mensagem de amor e de fé.  Rezar apenas por si e pelos seus, pelas dádivas que almeja, constitui uma verdadeira exacerbação do egoísmo, sentimento esse que é uma verdadeira antítese de tudo o que está contido na Doutrina do Cristianismo.

                 Portanto, devemos manter acesa a nossa constante luta interior contra a insensibilidade que nos faz ficar indiferente à sorte de nosso semelhante, que nos cega ao ponto de impedir que nos coloquemos no lugar do outro e de enxergar o seu sofrimento. E não estou falando daqueles milhares de desconhecidos que a televisão nos mostra nas catástrofes pelo mundo afora.  Falo das pessoas que, muitas vezes, convivem conosco, no trabalho, no lar ou próximo de nossa casa, quando não conseguimos, preocupados apenas com nossos próprios problemas, sequer lhes dirigir um olhar e um sorriso.

                Falo, também, daqueles que tanto colaboram conosco e que nos ajudam a melhorar e viabilizar nossa vida pessoal e profissional e que, muitas vezes calados, esperam por um reconhecimento, uma simples palavra, um olhar carinhoso ou um simples gesto de atenção, que lhes faria tão bem à alma. 


                   Há um ditado chinês que diz:  "Se você quer alcançar os seus sonhos, colabore para que aqueles que estão ao seu lado, também consigam realizar os seus próprios sonhos.

                Neste natal, vamos rezar por todos os nossos semelhantes, amigos ou desconhecidos. Vamos cultivar a alegria pelas coisas boas que aconteçam com nossos amigos e vamos ficar também felizes quando soubermos que coisas boas aconteceram, mesmo com aqueles que não simpatizamos ou que conosco não simpatizam. Vamos, finalmente, imprimir em nossa alma o contentamento e a felicidade do viver em paz e em harmonia.

               VAMOS, COM ESSA ATITUDE DE PURO AMOR PELO NOSSO SEMELHANTE, DAR O MELHOR PRESENTE AO ANIVERSARIANTE DO DIA 25 DE DEZEMBRO, O NOSSO MELHOR AMIGO VISÍVEL

               FELIZ NATAL DE 2O10

                   Aurelino Santos Jr. (web's writer)

Email:     aurelino.jr@gmail.com

PANORÂMIO/GOOGLE EARTH: 

segunda-feira, 13 de dezembro de 2010

PENSAR, PENSAR - O ÚLTIMO ALERTA DE SARAMAGO

PENSAR, PENSAR
                        
           "Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de reflexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, não vamos a parte nenhuma".

 José Saramago


                     Prezados(as) 

                      Outro dia, numa das minhas frequentes incursões em busca de livros interessantes, encontrei um dicionário de Latim, onde, em seu prefácio, referia ao fato de, no Brasil, estar havendo um vivaz debate sobre a posição da língua latina em nossa cultura e do papel do ensino das línguas e literaturas clássicas na formação das novas gerações.

                     Essa referência à falta que o conhecimento clássico está fazendo às nossas gerações mais recentes, remeteu-me à lembranças de longínquas conversas, de minha primeira juventude, período em que tive a oportunidade de conhecer pessoas especiais que hoje não mais se encontram entre nós, mas que muito me ensinaram. Do meu professor de Latim, no curso Clássico; de um amigo que há muito já se foi, psicólogo que era, discorria com desenvoltura sobre o encontro que a mais avançada psicologia tinha marcado com os mitos gregos e do fascínio em descobrir que cada uma das divindades helênicas representava uma faceta da natureza humana.

                    Lembrou-me o Tavares, um engenheiro que, lá pelos idos de 1970, atribuía ao conhecimento clássico, passado em Oxford, aos filhos de Lordes Ingleses, o sucesso com que esses jovens inexperientes conduziram a administração das mais distantes Colônias Britânicas, pois embora desconhecendo os hábitos e costumes das populações nativas, com o ensino Clássico, aprendiam a conhecer a natureza humana e esta é imutável, seja num europeu ou num aborígene. 

                   Seguindo minhas lembranças viajei, em pensamento, ao ano de 1929, na pequena Muaná, na Ilha de Marajó, pelos relatos de infância de minha mãe (hoje com 93 anos), que, então aos nove anos, contava-me sobre as encenações  de peças teatrais gregas e de o quanto o ensino primário, naqueles remotos tempos, no Pará, era de uma riqueza sem paralelo nos tempos atuais.

                   Navegando em meu acervo,  lembrei as palavras de Giordano Bruno, o Nolano, que por 1600 D.C., diferentemente de Galileu, não voltou atrás em suas convicções e enfrentou a masmorra e a morte, com a dignidade própria daqueles que tiveram a grande oportunidade de conhecerem-se a si próprios e, com isso, a essência da sua natureza humana: "O Homem é, ao mesmo tempo, o mármore e seu próprio escultor".   Lembrei-me, também, do Imperador Romano, Juliano Augusto, o Apóstata, como, injustamente, a História Ocidental lhe titulou e que, próximo à morte, dizia: "Por que a consciência habita um invólucro tão frágil?"

                   Aportei, então, na referência de Jaeger*, em sua monumental "PAIDÉIA", no capítulo: "O lugar dos gregos na história da educação", onde refere a palavra alemã Bildung (formação, configuração), como a que designa do modo mais intuitivo a essência da educação no sentido grego e platônico e que em todo lugar onde esta ideia reaparece, na História, ela é uma herança dos Gregos e que aparece sempre que o espírito humano abandona a ideia de um adestramento em função de fins exteriores e reflete a essência da própria educação.

                   Finalmente, retornando a Saramago e seu alerta por maior reflexão e filosofia, notadamente, em sua magistral obra  "ENSAIO SOBRE A CEGUEIRA", revisitamos o Mito da Cavernade Platão, desta feita  com um final, ousadamente, diferenciado para dar ênfase à, inafastável, responsabilidade imputada a todos os que, ainda, conseguindo "enxergar", dentre os que não mais conseguem fazê-lo, de tentar "reparar", não apenas no sentido de "notar", mas no de "consertar" ou seja, não ficar na inação. 




GIORDANO BRUNO




JULIANO AUGUSTO



PAIDÉIA







BATE FORTE O TAMBOR de Luiz Arnaldo Campos - Cineasta

BATE FORTE O TAMBOR



Anoitece em Santarém. Por suas ruas ainda quentes se deslocam mais de três mil pessoas num murmúrio de passos, vozes e cantos. Olhando-se de perto é possível ver as muitas faces desta gente que marcha. São negras, indígenas, mestiças. Uma amostra dos mil povos que vivem nesta terra que tem nome de cunhã: Amazonia.
Na beira do belo Tapajós, as mulheres pediram as graças da Iara, de Oxum, Nanã, das Icamiabas e prometeram lutar sem descanso por uma vida melhor. Os guerreiros presentes ecoaram estes desejos. O V Fórum Social Panamazonico tinha começado.

O Canto de Mil Povos

Para Santarém, no coração da Panamazonia, acorreram delegados de diversos estados brasileiros e das regiões amazônicas do Peru, Equador, Venezuela, Bolívia, República Cooperativa de Guiana, Guiana Francesa, Colombia, além de amigos e amigas da Cordilheira dos Andes e de países europeus como Holanda, França, Espanha entre outros. Durante cinco dias compartilharam saberes através da fala, canto, dança, teatro, cinema.Vivenciaram relatos, discutiram análises e sonharam juntos muitas esperanças.
Porém, mais do que tudo, experimentaram a força que emana da vontade comum dos povos desta região de serem senhores do próprio destino. Uma vontade expressa no documento final do encontro que a partir da constatação primeira de que a Humanidade pertence à Natureza e não o contrário aponta caminhos, propostas e lutas conjuntas contra os inimigos da felicidade e do bem viver.
Durante os cinco dias que durou o Forum um mosaico das múltiplas Amazonias foi apresentado nas oficinas apresentadas por redes, organizações, movimentos sociais e
nas mesas temáticas montadas pela coordenação do FSPA.  Estados plurinacionais, grandes barragens e alternativas energéticas, defesa dos territórios indígenas e quilombolas, imperialismo, colonialismo, migrações, direitos humanos, econômicos, sociais, culturais e ambientais, culturas, comunicação, educação e cidades amazônicas fizeram parte do rico temário apresentado por especialistas e principalmente pelos protagonistas das lutas de resistência que se espalham pela região. A presença dos
 variados atores sociais da Panamazonia  foi a chave do sucesso do V FSPA.
Nas tendas e salas foram ouvidas as vozes de muitos povos indígenas: mundurukus, cocamas, apiuns, boraris, tupaiús ,araras, jaraquis,cambés, ianomanis  do Brasil, taurepangs e pemones da Venezuela, ashaninkas, huitotos e quéchuas do Peru, kichwas equatorianos, takanas e trintaros bolivianos, aciwajungs colombianos entre outros. Além destas vozes ancestrais também foram ouvidos as gentes que vieram de além– mar: os negros allukus da Guiana Francesa e os quilombolas do Baixo Amazonas ao qual se somaram os ribeirinhos, agricultores, trabalhadores urbanos, migrantes, artistas, mulheres e homens de todas as idades e especialmente a juventude santarena que no braço e no coração sustentou a realização do V FSPA.
Nos plenários e rodas de conversa dramáticos relatos de lutas pela sobrevivência, histórias de massacres, análises pormenorizadas e balanços de experiências eram pontilhados por cantos, danças e apresentações teatrais. O V Forum Social Panamazonico se abriu a todas as formas de expressão num reconhecimento que o esforço de transformar o mundo exige o aporte de todas as linguagens.  Na assembléia final, os participantes de cada tenda temática expressaram através de ritos, expressões corporais e canções os sentimentos que haviam presidido cada debate. Estas manifestações e a aprovação consensual da Carta de Santarém foram a síntese de um encontro que tal como o rio-mar construiu a sua força a partir de inúmeros afluentes.         

É Tempo de Vendaval

O V FSPA é filho do vento que sopra pelas plagas amazônicas empurrando povos e movimentos em direção uns dos outros. O caminho até Santarém foi pontilhado de encontros e reuniões, tecendo a rede que cobriu o Tapajós. O ponto de partida foi a Assembléia Panamazonica realizada durante o Fórum Social Mundial, em Belém,
onde se tomou a decisão de reorganizar o FSPA, que já havia realizado quatro edições anteriores mas se encontrava desarticulado desde a última, em Manaus em 2005.
Daí em diante o toque de reunir passou a soar com insistência nos rios e matas. Foram reuniões de caráter político-organizativo, como o Encontro Preparatório Panamazonico, em Belém e a reunião do recomposto Conselho Internacional do FSPA, em Santarém;
viagens de contato e reconhecimento como a que levou uma delegação da  capital paraense até a IV Cumbre dos Povos Indígenas de Aby-Ayala , em Puno, Peru e uma outra realizada por irmãs ashaninkas peruanas e um irmão kichwa do Equador até as aldeias dos gaviões e kayapós, no centro sul do Pará. Tivemos também as celebrações para unir e lutar como o Ato Comemorativo do primeiro aniversário do levante indígena, em Bagua, na selva peruana e o Encontro Andino-Costeiro-Amazonico , em Lima, capital do Peru. A estes eventos se somaram muitos outros
como o Encontro dos Quatro Rios ( Xingu, Madeira, Tapajós e Teles Pires), em Itaituba, os Encontros de Mulheres da Amazonia e de Mulheres Indígenas e o V Encontro Sem Fronteiras- Brasil, Venezuela e Guiana, em Santa Elena de Uairén.
Dessa maneira foram fertilizadas lutas concretas como a que une brasileiros e bolivianos contra a construção das represas no rio Madeira e o grande movimento contra hidrelétrica de Belo Monte, em plena Transamazônica.  A preparação do V FSPA aqueceu o coração das amazonas e dos guerreiros e abriu corredores de informação por onde circularam idéias que demonstram a inviabilidade do mundo atual e a necessidade urgente de construção de um novo, baseado em lutas históricas e conhecimento ancestral.
Foi um processo dinâmico com intercâmbios e alianças numa espiral coroada pela realização do próprio Forum. Agora, esperamos que os tambores tocados em Santarém possam ser ouvidos em toda Amazonia e no mundo inteiro.

Com o Coração Nas Mãos

Após o Forum, com as vibrações ainda correndo na pele, foi realizada a reunião do Conselho Internacional do FSPA. Avaliações prá lá de positivas e uma imensa vontade
de transformar o encontro em ações práticas que elevem o patamar da resistencia
contra as ofensivas que o grande capital desfecha na região.A exibição, na reunião, do vídeo convocatório do III FSPA, em Ciudad Guayana, Venezuela, em 2004 e das imagens colhidas durante o próprio V FSPA , em Santarém, ajudaram a reatar os laços da memória. E a memória é luz, combustível e amanhã, como certa vez disse o Sub-Comandante Marcos.
Em Santarém se fez uma história que pretende continuar. Se vai dar certo só o tempo dirá, porém, pode se dizer sem medo de errar que o caminho por onde passam e passarão as centenas de identidades amazônicas, fazendo causa comum por nossa terra e nossos direitos está aberto. Para todos e todas, uma boa viagem.


Luiz Arnaldo Campos