quarta-feira, 22 de outubro de 2014

TEMPUS - DIES IN TEMPORE- PASSAGEIROS DO TEMPO



Prezados(as) Passageiros(as) do TEMPO



      Estamos aqui e em todos os lugares deste nosso tão velho mundo. Oramos, rimos, choramos e vivemos, intensamente, cada dia, num múltiplo suceder de momentos presentes, na insustentável leveza das lembranças de inúmeros instantes anteriores e na etérea expectativa  de momentos do porvir.


  Somos eternos prisioneiros do tempus presente.  Recordamos vivamente cada presente anterior, ao qual não poderemos retornar  uma fração de segundo sequer.


       Onde estão todos aqueles momentos especiais de nossa vida que foram tão reais e tão presentes, no tato e no olhar e que agora estão impregnando nossa mente e nossos corações com um turbilhão de incontáveis lembranças tão presentes?


   Nossa memória remete-nos à realidades havidas hoje, ontem e longínquas. Mas qual, exatamente, é a diferença entre um minuto e dez anos, no constante distanciar daquilo que foi tão vivo e tão presente?


    Onde se encontram, agora, aqueles sorrisos e olhares, dos que nos foram tão próximos e tão queridos e que, hoje, habitam apenas em nossa memória e em nossos saudosos corações, mas que, em cada momento vivido, foram tão reais que ainda podemos sentir o cheiro vindo de cada afago e de cada gesto de carinho?


    Cada um dos que, efêmera ou demoradamente, cruzaram nossos caminhos, deixou em nossas  mentes e em nossos corações, um pouco do melhor de si, de sua essência humana, legando-nos, com sua indelével presença em nossas vidas, o que hoje somos: o ouro mais puro de nossa razão de existência.


  Essas pessoas especiais, que nos foram tão queridas, continuam ainda vivas e presentes entre nós e a forma como nos souberam cativar, forjou a ferro e fogo o melhor do que hoje somos. Seu significado e ausência, marcando nossas vidas, deram-nos a chance de refletir sobre nós mesmos e sobre a enigmática razão de ainda continuarmos aqui neste tempo tão presente.


   Cada pessoa deste mundo abriga dentro de si um universo inteiro, que, como num mundo dentro de mundos, guarda a essência daquilo que de melhor existe em cada um de nós, nossa capacidade de amar.


  Somos, em nossa essência, uma coisa, absolutamente, unica e tal unidade parece compor a natureza mais profunda do “amar ao próximo como a si mesmo”, trazida por um Deus-Menino, nascido humano, apenas para nos lembrar que nossa essência humana é parte inseparável da essência divina e com ela se completa.


   E é nesse aprender e ensinar a amar que reside esse Deus-Menino, nascido e renascido, dentro de nossos corações, a cada vez que nos permitimos lembrar de nossa própria natureza humana, do desconhecido ao amigo mais leal, reaproximando-nos ou religando-nos (religare) com nossa própria natureza humana e com o Pai Nosso que está no Céu.



Aurelino Santos Jr.  


Postagem originária: Aurelino Santos Jr.  http://www.recantodasletras.com.br/cronicas/4226083