terça-feira, 6 de dezembro de 2011

UMA NOVA SAÍDA PARA BELÉM - PONTE DO COMBU

SANTA MARIA DE BELÉM DO GRÃO-PARÁ



UMA NOVA SAÍDA PARA BELÉM

Já se disse, no passado, que a cidade de Belém é como se fosse um "saco" que enche durante o dia e esvazia à noite.  A frase foi de um engenheiro, que me falha o nome, e fazia referência ao transito entre as suas áreas periféricas e o centro, pois Belém enche de carros durante o dia e esvazia à noite.

A Grande Belém

Devemos pensar Belém, não apenas como uma cidade de quase um milhão e quatrocentos mil habitantes, mas como uma conurbação e um conglomerado urbano (considerada a sua área geográfica mais próxima de influência), no qual há intensa mobilidade de pessoas, mercadorias e serviços. Um verdadeiro organismo vivo, onde uma intervenção num ponto repercute fortemente noutro ponto.

Esse rio é minha rua - Esse rio é minha vida

Outra característica que reputo ímpar, dentre todas as cidades brasileiras de porte similar, é a sua inter-relação com o rio. Sim, pois se observarmos bem, veremos que Belém é uma passagem quase obrigatória das regiões sul e nordeste do Estado (ligadas por via rodoviária) para os municípios que se comunicam pela via fluvial.  Sem falar que o seu próprio território e os dos municípios no seu entorno, são, preponderantemente, constituídos de área insular. A própria Belém tem mais áreas de ilhas do que continental.

Essa característica de inter-ligação rodo-fluvial, não ocorre com a mesma intensidade em nenhuma cidade de outras regiões brasileiras, pois é típica de cidades da Amazônia.  E mesmo na Amazônia só ocorre, nesta escala, quero dizer, envolvendo o deslocamento de populações que ultrapassam a casa dos três milhões, no conglomerado de Belém.

Todas as cidades da Amazônia têm essas características, mas somente em Belém ocorre em alta escala, sendo em menor intensidade em Manaus, que embora mais populosa que Belém, se compararmos apenas os habitantes do município, detém 80% da população de todo o Estado do Amazonas, enquanto que Belém tem, apenas, cerca de 28% da população do Pará. Nas demais cidades, essa inter-relação com o fluvial, ocorre em menor escala. Portanto, Belém é ímpar, neste aspecto, e como tal deveria ser tratada pelas políticas públicas.

O primeiro passo, é reconhecer essa singularidade de Belém, onde a melhor tradução consiste na bela poesia musical da expressão: "esse rio é minha rua", legado pelo nossos "Barata", pai e filho*. E, neste ponto, os elos de circulação entre as "ruas fluviais" e as terrestres, são os nossos múltiplos portos, de todos os tamanhos, onde, diariamente, fluem as pessoas e mercadorias, num ir-e-vir, constante, de intensidade tal, que  nenhum estudo e estatísticas conhecidos capturaram seus reais números e  dimensões.

Essa relação rio-porto-cidade-estrada, mereceria, por parte dos urbanistas e outros estudiosos, um olhar especial sobre suas peculiaridades, a partir da conclusão de que, nestas paragens o urbano é completamente diferenciado. 

Todas as cidades do mundo interagem com seu entorno, com maior ou menor intensidade, como uma teia em constante movimentação, mas, com estas características entre o meio fluvial e terrestre, poucas, no mundo, são como Belém e com tendência a se intensificar, com o aumento natural das populações.


*Paulo André e Ruy Paranatinga BarataEsse rio é minha rua - 



BELÉM É COMO UMA ILHA, COM UMA ÚNICA PONTE CHAMADA BR-316
    Projeto do Governo do Estado para desafogar o transito de Belém

                                
              Voltando à concepção do "saco" que enche e esvazia, se olharmos a geografia da cidade de Belém, perceberemos que a Rodovia BR-316 funciona como uma verdadeira ponte, único corredor de tráfego para entrada e saída da área de Belém.



              Tudo depende dessa rodovia e até o acesso à Alça Viária dela depende. Na imagem acima, há indicação de dois projetos de vias expressas, norte e sul, uma ligando a área do porto de Outeiro (antiga Sotave) à rodovia BR-316 e outra ligando a área da Av. Perimetral (próximo à UFPª), à Alça Viária, alcançando, também, a BR-316.        
                           

(Foto: Antônio Cícero/Diário do Pará)

                    No entanto, mesmo com essas alternativas, Belém continuaria com característica de região ilhada, ou, sem exagero, "encurralada",  dispondo de um único corredor de entrada e saída, por isso essas soluções continuariam paliativas, pois não dariam a capilaridade que toda cidade precisa de na interação com o seu entorno. E a Alça Viária não é uma ligação urbana, pois está distante demais do centro da cidade, como opção de ligação com a área de Barcarena. 

                                    Belém dispõe apenas dessa saída terrestre e pelo porte de sua Região Metropolitana (cerca de 2, 5 mi Hab), é inconcebível que não existam múltiplas saídas.  Florianópolis, que está numa ilha e que tem menos de 900 mil habitantes em sua área metropolitana, dispõe de três pontes e já se está pensando em construir um quarto acesso, que pode vir a ser até um túnel.
                           

             O VELHO PROJETO DA PONTE SOBRE A ILHA DO COMBU  - MAIOR APROXIMAÇÃO COM BARCARENA E ALTERNATIVA PARA O TRANSITO


A alternativa de aproximar Belém de Barcarena, ainda seria um antigo projeto da década de 1940, com a construção da ponte do Combu (Ilha do Combu).  No entanto, ele teria que ser revisado para adequação com as restrições ambientais, pois a ilha é uma APA-Área de Proteção Ambiental.

A maior proximidade de um centro de médio para grande porte (Belém e seu entorno metropolitano) com uma área que detém forte vocação para pólo industrial, como Barcarena, gera múltiplas possibilidades, sejam no comércio ou na prestação de serviços e até industrial. 

Essa proximidade com Barcarena aumentará, sobremaneira, as chances das empresas de Belém atenderem aos conglomerados industriais instalados e que ainda se instalarão naquela área e suas principais terceirizadas, em razão dos megainvestimentos previstos para os próximos anos. Aliás, pelos  investimentos anunciados, ali estará surgindo um dos maiores pólos industriais do Brasil.

Voltando à necessária capilaridade urbana, o município de Florianópolis(SC) possui uma população de 412.203 habitantes(2010), tendo 877.706 habitantes no núcleo de sua Região Metropolitana. Floripa (RMF) dispõe de três pontes de acesso ao continente e está discutindo se investe na quarta ponte, em metrô de superfície ou túnel submerso, tal a pressão pela mobilidade urbana.

Comparando as populações das duas cidades temos:  877 mil hab na RMF, contra cerca de 2,5 mi de hab. na Região Metropolitana de Belém (RMB).  

Portanto, a situação de Belém é insuportável e sufocante e a sua falta de mobilidade urbana constitui custo pesadíssimo, que cobra seu perverso preço no engessamento de possibilidades de desenvolvimento.  Transito é custo e pode inviabilizar as chances de uma cidade aproveitar todo o seu potencial econômico.

E esse engessamento de Belém já salta aos olhos, nos horários de pico e até fora deles, nas principais vias de escoamento da cidade e talvez isso esteja contribuindo para a retração do desenvolvimento de nossa cidade, com prejuízos irreparáveis para todos nós.




  COMPARAÇÃO COM A ATUAL ALÇA VIÁRIA


              O quadro acima mostra a comparação do projeto do Combu, com a atual opção, via Alça Viária.

Observe-se que mesmo com as soluções paliativas das duas vias expressas anunciadas, ainda assim o núcleo da cidade de Belém continuará ilhado. Por isso, há premente necessidade de se gerar outro caminho de saída e entrada que poderia ser pela retomada do Projeto Combu.


Em construção..............................


Aurelino Santos jr.

























Um comentário:

  1. 04 DE NOVEMBRO, 2014 - 01H30 - GERAIS
    BR-316 opera no limite do tráfego
    Especialista alerta para risco constante à segurança no trânsito

    Link: "O LIBERAL"

    http://www.ormnews.com.br/noticia/br-316-opera-no-limite-do-trafego#.VFjmU_nF91Y

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