As duas telas capturadas de matérias veiculadas na
Internet, objeto desta abordagem, retratam cenários projetados sobre a exportação do agronegócio de
grãos do Centro-Oeste brasileiro, comparativamente, nas opções Portos do Arco
Norte, especificamente, os da Amazônia e do Maranhão, em relação aos portos da
Região Sudeste, que cognominamos de ARCO SUDESTE, com enfoque para o porto de Santos-SP.
Ferrogrão & Malhas Ferroviárias Norte/Paulista
No primeiro mapa há um comparativo projetado com as
opções Ferro-Marítima, para o porto de Santos-SP e Ferro-Fluvial-Marítima, pelo
porto de Vila do Conde-PA, ambas com destino à China, no escoamento da produção de grãos do Mato Grosso, já considerando a hipótese de utilização das ferrovias atuais e futuras.
Observe-se que nesse hipotético cenário há um relativo
equilíbrio entre as alternativas logísticas, assim consideradas, em que pese a
distância em milhas marítimas de quem parte da área Norte seja maior,
considerando a rota Atlântico Equatorial/Sul, via Sul da África até a China.
Link do Youtube relativo à tela acima:
CAVALO-FERRO
No mapa em questão há referência às duas ferrovias, ainda
em projeto, quais sejam, a FERROGRÃO, pelo lado Norte (com 933 KM) e a extensão
da FERRONORTE/Malha Norte Rumo até a cidade de Lucas do Rio Verde-MT(com 600
KM).
Cumpre informar que, pelo lado da opção SUDESTE, a
extensão de 600 KM foi pactuada como contrapartida pela renovação antecipada da
Ferrovia Malha Paulista, pela empresa Rumo Logística, que já poderia ter iniciado as
obras, caso não pairassem dúvidas suscitadas no âmbito do Ministério da
Infraestrutura, de que poderiam surgir questionamentos no TCU sobre a modelagem
de aditivo contratual para execução da obra, enquanto que, pelo lado da opção
Norte, a FERROGRÃO ainda não foi objeto de publicação do edital, numa modelagem
Greenfield, na qual o investidor terá que arcar com todos os custos de
implantar do zero a estrutura ferroviária.
FERRO X RODO-FLUVIAL-MARÍTIMO (cenário atual)
Nas condições atuais há ferrovias operando em
direção ao porto de Santos-SP, partindo da cidade de Rondonópolis-MT e na
direção Norte, um sistema rodo-fluvial-marítimo.
Portanto, na direção do porto de Santos, os grãos seguem pela via rodoviária até o terminal rodoferroviário de Rondonópolis-MT, que dispõe de capacidade instalada para transbordo de 100 caminhões/hora, sendo presentemente o maior terminal
ferroviário da América Latina.
A DISPUTA NORTE-SUDESTE NO CENÁRIO ATUAL
No segundo mapa há um comparativo de fretes para o escoamento dos grãos, partindo de Mato Grosso em direção à China, no qual se vê, nitidamente, que a opção Norte leva considerável vantagem, caso contrastada com a via rodoviária ao porto de Santos-SP.
No entanto, quando se vê comparada
com os modais rodoferroviário para o mesmo porto de Santos, tal vantagem sofre significativa redução e levando-se em conta os anúncios que têm sido veiculados sobre pesados
investimentos na rota ferroviária das MALHAS NORTE E PAULISTA, com trens de 120
vagões, num sistema Double Stack com a ampliação da sua atual capacidade de 35 milhões toneladas/ano para 100 milhões tons/ano com uma redução prevista de 40% no preço do
frete, por certo a opção Norte perderá em vantagem comparativa.
Mesmo assim, tendo em conta os pesados investimentos privados que já foram realizados na rota Norte, sem dúvida ela continuará a ser bastante utilizada e
talvez apenas não venha a ter o crescimento exponencial que as expectativas tão,
festejadamente, apontavam.
FATORES DE INFLUÊNCIA A CONSIDERAR
Nesses prognósticos de cenários (que são como nuvens no céu, constantemente em movimento) outros fatores e variáveis podem vir a ter relevantes influências, sendo no Arco Norte o aprofundamento dos canais de acesso oceânicos para passagem de navios
maiores, o que poderá, finalmente, viabilizar a ainda não utilizda rota para a Ásia, pela via do Canal de Panamá, bem como as novas ligações ferroviárias aos portos (FERROGRÃO), a derrocagem dos pedrais no rio Tocantins, a ampliação da capacidade portuária (área de Belém e entorno) e ainda a entrada em operação da antiga
Ferrovia Norte-Sul, da FICO-Ferrovia de Integração do Centro-Oeste e da FIOL-Ferrovia de Integração Oeste-Leste, nestas o destaque para as potencialidades do porto de Itaqui-MA e projetos de novos portos naquela região.
OS PORTOS DO ARCO NORTE/AMAZÔNICOS TERIAM EM 2020 EMPATADO,
NA MOVIMENTAÇÃO DE GRÃOS, COM OS DEMAIS PORTOS DO PAÍS? UM FESTEJADO EQUÍVOCO
Após notícias desencontradas e equivocadas, que levaram
até um titular de Pasta a compartilhar a informação, logo viralizada, de que os
portos do chamado ARCO NORTE teriam empatado com o somatório dos demais portos
do Brasil, na movimentação de grãos, no que foi reverberada, num efeito dominó
na web, inclusive em blogs e sites especializados, chegando até um grande órgão
da mídia convencional a publicar que os portos amazônicos é que teriam logrado
alcançar esse inédito feito, o que gerou regozijos até mesmo de renomados, mas
inadvertidos experts da área, essa matéria da CNA-Confederação Nacional da Agricultura, finalmente, recoloca os
fatos em seu devido lugar, com detalhados esclarecimentos.
Ocorre que a movimentação dos produtos no Arco Norte inclui os portos interiores que servem para transbordos a outros portos que, por sua vez, promovem a efetiva exportação.
Daí, se os dados não forem objeto de filtragem, separando as finalidades, a mesma partida de produtos (no caso grãos) poderá ser computada em duplicidade, dando a impressão, pelo menos aos mais desavisados, de que teria havido um aumento expressivo na movimentação na região. Na área norte, diversos os portos do rio Tapajós e do rio Amazonas têm essa função de transbordo com destino a outros portos de acesso oceânico.
LINK DA MATÉRIA DA CNA COM O TÍTULO:
"10/05/2021
Estudo da CNA mostra que exportação de soja e milho pelos portos do Arco Norte cresceu 487,5% em 11 anos"
https://www.cnabrasil.org.br/noticias/estudo-da-cna-mostra-que-exportacao-de-soja-e-milho-pelos-portos-do-arco-norte-cresceu-487-5-em-11-anos?fbclid=IwAR1bHQ7knKN-c9PSVcLzoIzJAywqxfg3HgHGK-9HtSTXZGelRbzMELFaMaM
EXCERTO DA MATÉRIA DA CNA:
..........................................................................................
"Cenário 2020 – No ano passado o Brasil produziu
227,4 milhões de toneladas de soja e milho, sendo as regiões acima do Paralelo
16 responsáveis por 148,6 milhões de toneladas ou 65,3% desse total. Já a
produção de grãos abaixo do Paralelo 16 foi de 78,8 milhões de toneladas
(34,7%), segundo os dados da CNA.
Com relação às exportações, em 2020 o país embarcou cerca
de 133 milhões de toneladas de soja e milho. Os portos do Arco Norte
responderam por 31,9% ou 42,3 milhões de toneladas desse total e os da região
Sul e Sudeste por 68,1% ou 90,4 milhões de toneladas.
Os portos que mais embarcaram grãos em 2020 foram Santos
com 42,2 milhões de toneladas (31,8%), Paranaguá/Antonina com 22,5 milhões de
toneladas (16,9%) e Rio Grande com 12,1 milhões/ton (9,1%), nas regiões Sul e
Sudeste. No Arco Norte foram o Sistema Belém/Guajará com 13,7 milhões/ton
(10,3%) e São Luís/Itaqui/PDM com 12,1 milhões/ton (9,1%)."
.................................................................
O ARCO NORTE
Convencionou-se que os portos que ficam ao norte do
Paralelo 16', que passa na altura da cidade de Lucas do Rio Verde-MT seriam
conhecidos como Portos do ARCO NORTE, englobando as unidades portuárias desde o
Estado de Rondônia até o porto de Ilhéus, na Bahia.
O movimento de exportação desses portos é que a matéria
da CNA refere como tendo tido, em 11 anos, um aumento de 485,7%, que foi um
crescimento extraordinário, mas diferentemente do que foi veiculado
anteriormente, esse movimento na exportação de grãos não empatou com os demais
portos do país, ficando apenas em torno de 31% das exportações totais.
O PORTO DE SANTOS
Para se ter uma ideia da dimensão do nosso maior porto, na exportação de grãos, somente agora o somatório do movimento de todos os portos do chamado ARCO NORTE logrou empatar com o movimento do porto de Santos-SP, que por sua vez teve, também, um crescimento extraordinário e pelos investimentos que estão em curso, como a ampliação de capacidade da Malha Ferroviária Paulista (de 35 milhões de tons/ano para 100 milhões) e sua conexão com as Ferrovias Malha Norte e Tramo Central da antiga Ferrovia Norte-Sul, aliado ao aumento de sua capacidade operacional, em terra e na acostagem de navios maiores, dificilmente cederá a liderança na exportação de grãos, apesar de não serem favas contadas, pois muita água ainda passará.
No Maio de 2021
ASJ
LINK DE MATÉRIA RELATIVA AO TEMA:
ResponderExcluirARCO NORTE DA LOGÍSTICA AMPLIAÇÃO NO MOVIMENTO DAS EXPORTAÇÕES DE GRÃOS ENTRE 2019 E 2020
http://aurelinojr.blogspot.com/2021/04/arco-norte-da-logistica-ampliacao-no.html