O FUTEBOL BRASILEIRO REVESTE A CONDIÇÃO DE INCONTESTE SÍMBOLO POPULAR E EMOCIONAL DA NAÇÃO, TENDO SUA LEGITIMIDADE ABRIGADA NO PANTEÃO DA PRÓPRIA ALMA DO POVO QUE COMO TAL O ELEGEU E CONSAGROU, INDEPENDENTE DE CONSTAR OU NÃO ESSA CONDIÇÃO NA CARTA MAGNA, COMO OS DEMAIS SÍMBOLOS NACIONAIS.
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FUTEBOL DA GENTE
Lembro muito bem do ambiente da Copa de 1970, com o plantel armado, basicamente, por João Saldanha e aproveitado pelo "velho lobo", vindo a Seleção Canarinha de duas campanhas brilhantes, a de 1958 e 1962, onde no meio da empolgação nacional surgiam algumas vozes ditas intelectualmente abalizadas que nos incutiam que o futebol só mobilizava toda a sociedade em países que apontavam como subdesenvolvidos e que na próspera e civilizada Europa isso não acontecia, não com essa verdadeira catarse coletiva, enfim impingindo-nos um sentimento de inferioridade ou como no dizer de Nelson Rodrigues o "complexo de vira-lata"
Nas copas posteriores, justo nos países ditos desenvolvidos do velho continente, presenciou-se uma negação dessa inferência, quando a possibilidade de conquista da Taça pela seleção alemã, numa das copas europeias, contagiou o povo desse país que então passava por uma situação difícil decorrente da sua reunificação, com a queda do muro de Berlim, que resultou numa estagnação de crescimento por cerca de sete anos, tudo para não arrastar a banda pobre oriental para o resto da vida.
Noutra Copa, foi a vez da França render-se ao contágio desse esporte, mostrando que essa alma, independe de ser o país rico ou pobre, e que está ligada à própria natureza humana que é imutável, seja num grego ou num aborígene, num executivo de alto padrão técnico de Wall Street ou num Iamomâmi. As glórias futebolísticas de Michel Platini, mas, principalmente, de Zinédine Zidane serviram como bálsamo e ao mesmo tempo um oxigênio revitalizador para a autoestima dos emigrantes, afinal reconhecidos no panteão dos grandes filhos da pátria gaulesa.
Muitos debruçaram-se em estudos sobre a importância e seu significado para as pessoas e para as nações, na denominada Sociologia do Futebol, de um esporte que empolga, mas ao mesmo tempo faz outros exudarem e até vociferarem visões e opiniões deletérias que, não raras vezes, muito mais dizem e expõem sobre quem opina do que sobre seu pretendido objeto, além do fatal comprometimento de seu próprio Índice Geral de de Felicidade Bruta.
Noutros tempos de revezes em que não estávamos nas graças dos impiedosos “deuses do futebol”, lembro de, após mais uma desclassificação da Seleção, um deputado que a história não registrou ter assumido a tribuna parlamentar para dizer:
“ A inflação galopante corrói os ganhos do trabalhador e a Seleção perde vergonhosamente na Europa. Coitado do povo brasileiro, sem pão e sem circo.”
Mas noutra frase de incontestável sapiência divina não ouvíramos também “nem só de pão vive o homem?
Bola rolando, relaxem que haverá tempo para as paixões não futebolísticas. Haverá tempo, também para tudo, inclusive para viver.
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Música especial de referência:
Balada nº 7 - Mané Garrincha
Moacyr Franco
Composição: Alberto Luiz
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=7O09jB2ot78
Sua ilusão entra em campo no estádio vazio,
Uma torcida de sonhos aplaude talvez,
O velho atleta recorda as jogadas felizes,
Mata a saudade no peito driblando a emoção.
Hoje outros craques repetem as suas jogadas,
Ainda na rede balança seu último gol,
Mas pela vida impedido parou,
E para sempre o jogo acabou,
Suas pernas cansadas correram pro nada,
E o time do tempo ganhou.
Cadê você, cadê você, você passou,
O que era doce, o que não era se acabou,
Cadê você, cadê você, você passou,
No vídeo tape do sonho, a história gravou.
Ergue os seus braços e corre outra vez no gramado,
Vai tabelando o seu sonho e lembrando o passado,
No campeonato da recordação faz distintivo do seu coração,
Que as jornadas da vida, são bolas de sonho
Que o craque do tempo, chutou.
HINO EMOCIONAL NACIONAL - BELÉM DO PARÁ
LINK: https://www.youtube.com/watch?v=xvVt9RC3M7I
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